quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Marinheiro sonhador

    Ele intitula-se de "marinheiro dos sentimentos", tem o coração como mar e o cérebro como tempestade. Todos os dia se lança às águas sem saber como as navegar, sem saber o que vai usar como leme, e perigosamente ignorando se o seu barco resiste ás tempestades longas e teimosas. Diz que se não sair nao vive, não é marinheiro, porque viver é tomar riscos, enfrentá-los e ganhá-los.
    Não tem porto habitual, nenhum serve para a sua, a seus olhos, grandiosa embarcação, que não passa de uma lata flutuante, quase desafiando algumas leis da física.
    Sonha com águas mansas e profundas, com azuis e verdes que o façam perder horas a pousar os seus olhos onde tais cores se misturam. Tirando desse precioso líquido, indispensável à vida, alimento para a alma e para o corpo, que sempre se subjugará a desejos carnais. É esse o sonho, e o sonho move a vida, ele apenas vive para sonhar, e sonha para viver.
    E quando sentir essas águas a correrem lentamente à sua volta, pergunto-me se não viverá mais. Se a sua vida acaba, ou se o sonho morre. Se a lata não volta a navegar e a viver tormentos impiedosos que com a esperança do sonho não passam de meros obstáculos ultrapassáveis. Pergunto-me se sonhar não se torna por si só num perigo, apenas pela possibilidade de se obter na realidade o sonho.
    Não é preocupação para a sua cabeça sempre coberta de água e sal, e continua, casmurro, enfrentando o mar com a ignorância que trás sobre a orientação do norte e do sul... apenas vive e sonha.


vive o sonho, sê marinheiro(a).

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