quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Despedida numa Esplanada

 
            Eu vou explicar-te tudo. Eu vou. Mas não sei por onde começar. Sabes, um dia morrerei e não vou ser, nunca, capaz de te dizer estas palavras que tento agora dizer-te. Por isso, quero explicar-te tudo e não adiar mais. Sabes, eu vou morrer. Eu sei que também morrerás, e um dia, todas as pessoas que estão à nossa volta, nesta esplanada, também morrerão, porque existem e porque são vida. No entanto, há uma diferença. Uma diferença que provavelmente separa temporalmente a minha morte da maioria das pessoas que estão aqui. Eu não vou fazer exames. Eu não vou nunca, conseguir ficar curado desta doença que me destrói aos poucos, antes de matar de vez. Eu não vou lutar por esta doença porque já não tenho mais forças e não consigo mais. Estou cansado. Perdoa-me! Eu tentei, a sério que tentei, mas não vou lutar mais pela minha vida, nem quebrar o que diz a medicina.
 
          Ainda tenho uma coisa para te dizer, antes de partir. Sabes, esse vestido branco fica-te mesmo muito bem. Sim, eu sei que já te vi muitas vezes com ele vestido. Mas, os meus olhos nunca te viram com tanta meditação como hoje. Quero que sejas feliz e que relembres este momento, que é o nosso verdadeiro momento. Este momento que nos separa e que me destrói. Nunca chores por nada do que fomos... nem chores ao relembrar este encontro. Eu ficarei bem. Sabes, eu amo-te... Até amanhã! 
Desenho de Fly.

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