segunda-feira, 27 de agosto de 2012

"Uma Casa na Escuridão" de José Luís Peixoto


          José Luís Peixoto consegue descrever ao mais ínfimo pormenor, os olhares, as expressões, os gestos, a voz, a música, os sons, as imagens e os episódios de uma forma excecional como se a vivenciássemos.

            Uma casa cinzenta repleta de gatos de todas as cores, um escritor apaixonado de amor por alguém que vive nele, comunicando-se através da escrita. É noite, o seu braço direito treme, sentado à escrivaninha, descreve-a com uma paixão ardente onde ela, a seus olhos, é a mulher mais bonita do mundo. Uma mãe desligada do mundo. Um pai que matara a sua amada, a escrava madalena, com um machado na face, conduzindo-a também para a morte. A impossibilidade de um príncipe com um vazio no lugar do coração de viver um amor com a escrava miriam.
            O surgimento das invasões na cidade, as amputações, a destruição dos corpos e sua aniquilação. Sangue, sofrimento, escuridão, dor, o medo muito perto do terror, a destruição dos sonhos, a morte. Ao escritor, os braços amputados, a fonte de sustento daquela que estava dentro dele. À mãe, a audição arruinada para que não entendesse a música. Ao violinista a perda das mãos. A escrava miriam violada. Um ninguém sem nada.
            Os dias custam a passar, a morte apesar de desejada é lenta. A (im)possibilidade do amor e dos sonhos, e ainda assim um final encantador.  



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