Preferia não me lembrar que um
dia me rasgaste a pele, quebraste o meu mundo num silêncio que se ouvia a
polegadas de distância e numa dor incompreendida que era só minha. Por mim,
apagava-te da minha memória e mudava-te para o outro lado do universo, sem
haver uma única possibilidade de te reencontrar. Preferia que tivéssemos
existido em épocas diferentes, em séculos distantes para não haver a possibilidade
de nos cruzarmos nesta vida, se isso fosse possível. Preferia que a distância e
o tempo fossem a maior realidade que alguma vez existiu entre nós. Sem algum
dia te ter sorrido, confiado, acreditado, sentido. Preferia não saber se te
arrependes ou não, se pensas, se respiras, se existes. Se vemos nos outros
aquilo que nós próprios somos, então em ti, eu vi o pior de mim.
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