sábado, 22 de dezembro de 2012

Prisioneiro fora de mim

Sempre que me olhas,
Meu mundo reduz-se a isso:
Labirinto em bolas
Onde perco meu juízo.



  

sábado, 15 de dezembro de 2012

Fuga do paraíso

Existirá nesta existência, maior inocência do que a de uma gota de chuva a cair do paraíso para a terra da demência?


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Na pobreza das ruas a única coisa que existe é dinheiro...

Este é mais um dia em que me levanto num lugar diferente com dores no corpo que a veia de ser velho nem sempre aguenta. Sítios diferentes e descoordenados que me tocam,  num mundo que não me compreende e que nem eu sei se existe sequer. Parece-me impossível. O tempo deixou-me de existir à muito quando ser português era ser descobridor e herói. Hoje são só portugueses e nada mais do que isso. Portugueses nascidos e que morrerão sem serem recordados. Caminhei sabendo que cada passo é uma luta que tento aguentar. Olhei o céu e desejei alcançá-lo nestes dias que não me parecem dias mas uma temporalidade incompreensível. Continuei. Cheguei ao jardim, procurei comida num caixote. Tinha fome. À minha frente uma esplanada abastada cheia de um povo que parece unido. Vi um bolo cair ao chão, derrubado por uma criança que chorava por não o querer comer, homens a desabotoar as calças por estarem cheios, outros a olharem-me com repugnância e eu à procura de comida num caixote que já nada tinha. Um mundo derrubado que não sabia nada acerca das minhas rugas, das minhas cicatrizes e da minha alma. Lutei por todos na guerra do Ultramar, vi pessoas morrerem ao meu lado, tive vontade de morrer também mas lutei para sobreviver e o valor disso é o olhar de repugnância que me fazem agora, neste preciso momento. Senti no ombro uma mão. Olhei. Essa mão trazia-me comida, olhei-a nos olhos e agradeci emocionado sem verbalizar qualquer palavra, ela disse de nada sem se ter ouvido o som da voz e ainda sorriu. 
Anoiteceu e nessa noite consegui sonhar...